terça-feira, 18 de setembro de 2018

Perdi

O sistema caiu de cabeça para baixo


Minha mão in the head
Minha cabeça no ground
o cara chegou
e não teve outro round
Meu deu um tapão
e fui pro compound.
Lembrei da família
de todos os broders.
minha mãe que ta puta
mas é porque
o sistema não muda.
Aqui ou ali,
dá sempre na mesma.
Tudo dá merda e você
viora presa.
Inglês ou portuguese
assim não ta easy
eu tava na boa
ele
não quis falar,
uma mão na minha cara e um
saia pra lá.

Assim eu que
penso
como que tá
tudo que eu
tenho para ofertar.
Uma rima da boa,
é tabaco senhor,
não sou gente má,
eu sinto sua dor.
só não tive perdão.
e agora eu no chão,
igual à um cão, penso,
como pode um camburão
levar tanta opção?

Delírios

Três poemas para iniciar um novo ciclo poético.



agora minha poseia
se econtra
ainda mais sombria.
mais que tudo
posso lhe dizer,
a comédia
é mais escura
e misteriosa que qualquer
corte no pulso.
eu mudei
como tudo muda.
Mais estruturado
para cair.
No calabouço
que já
me faz rir.

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Fluxo inato
de consciência.


O bebê
fazia poesia
e você nem sabia.

Eu já temia
desde de pequeno
ser o que era.

Mas meu problema,
depois disso tudo,
não é comigo.

Pois então digo,
já esclarecido,
que não me aprovo,
perante à você.
Vejo como sou,
ainda esse ser?

Eu me deparo com
o simples fato,
de ser inato
meu questionamento.
Questiono tudo,
de fora
e de dentro.
Não sei de nada,
mas de tudo aprendo.

Já esclarecido,
agora te digo,
que não me aprovo
em relação
a quem você é,
em minha mente,
mas não como é.

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Adultos querem
ser crianças.
Se intoxicam para
descontrair a desconfiança.

Crianças querem
ser adultos,
para se verem
totalmente livres
de todos eles.

Satisfação
não é uma parte
de nosso ego.

Não satisfeito
eu quis mudar
porque mudei.
Minhas memórias
se encontram melhores,
em um melhor lugar.

segunda-feira, 16 de abril de 2018

Poesia de brincadeira. Brincadeira moderna. Troca a fita.


Poesia de brincadeira. Brincadeira moderna. Troca a fita.
Hoje. Sem nenhum rumo pego essa estrada. Eu vejo esse texto como uma jornada de ‘distância’ indeterminada. No sentido de que não sei quando vou parar de escrever. Pode se pensar nisso como sentir o bastante para querer expressar. Levando em conta meu atual estado mental, querer é sinônimo de precisar...Falar isso faz-me pensar em parar. A vontade já acabou? É como quando a nicotina para de surtir efeito em seu corpo, e você perde lentamente o relaxamento e euforia dos quais desfrutava um minuto antes. Aquele glorioso minuto. Eu estava bem ali. Aquele maldito minuto. Não vivo para isso. Ou seja, eu vivo para isso. Vivo pelos bons momentos como todos no planeta. Mas esse nunca é o problema. O problema é o que é um momento bom para você. Para mim? Um cigarro? Não sei. Talvez. Mas nada que me traga um bem real. Vamos fazer um esporte. Dar uma lida. Conversar, porra!
Me perdi um pouco. Novos parágrafos são para isso. Como ano novo. Coloque metas em sua vida. Viva para criar um bom futuro. O que me incomoda é ter que viver pensando em uma fantasia. Prefiro estar bem no presente. Se o presente está bom, o futuro também.
Esse é o ponto da jornada em que temos medo de sermos mortos e jogados em um penhasco qualquer. Perdidos.
Como acordar de um sonho. Resetei o jogo. Replay. Sou Deus. Deus era Deus na bíblia. Eu sou Deus aqui. Você, leitor, não é. Você é fiel. Ou infiel. De qualquer forma. Sou seu mestre enquanto está aqui. Agora que estabelecemos que não pode me julgar, continuemos.
Meus bons momentos não importam muito fisicamente, é o que quero dizer. Eu não preciso viver para sempre, já que quando morrer nada fará diferença. Ou seja, não quero regular minha vida pensando em um futuro em que eu nem posso me arrepender ou ser comovido por nada. Não sou tão escroto. Calma. Enquanto estou aqui, vou tentar ao máximo fazer com que as pessoas que amo tenham o melhor de mim e cuidar de minha vida. Sim. Mas eu vou tomar decisões que podem me prejudicar fisicamente? Provavelmente. E isso não faz diferença. Talvez agora tenha acabado. A nicotina vai. Sempre há outro cigarro. Ou seja, volto quando eu conseguir entender que minha mente só fica feliz quando em sintonia com meu corpo. Minha mente não é tudo.

Pensamentos de um perdido.


Pensamentos de um perdido.

A realidade
É tão relativa
Quanto
A
Poesia...

Sinto
tanto,
Mas expresso
Pouco.
Do pouco
Que sai,
A tristeza
prevalece.

Por que
Escrever
Sobre felicidade?
Felicidade
Se vive.
A vida
É triste.

Pensativo
Sento
E
Com medo
Penso.

Minha poesia
Tem como
Foco
A escuridão.

A escuridão
Da mente
E
Do presente.

Minha poesia,
Tem como
Amor,
O rancor
Do
Dia-a-dia.

Minha poesia
É tudo
E nada,
E no nada,
Está
Minha
Moradia.

Medo é
Não saber.
Assustador é
Saber demais.
Apenas o fim
Tem a felicidade,
E o amor
A paz.


ANÁLISE PARTE MAKALISTER POETAS NO TOPO

ANÁLISE PARTE MAKALISTER POETAS NO TOPO
Muitos não entendem esse verso. Como é um dos versos que mais admiro e curto, decidi mostrar o que entendo das palavras de Makalister. BK e Menestrel vindo...
Com um dos versos mais poética e filosoficamente carregados de 2016 e 2017, Makalister torna o começo do primeiro ‘Poetas no Topo’ inesquecível. Muito criticado pelo seu uso complicado de vocabulário e construção de versos, o mc traz um flow quase que desconhecido no rap nacional.
Em geral, o verso é um dos de mais difícil compreensão e mostrou uma falta de conhecimento por parte do público que o critica por não fazer sentido. Pelo contrário, o rapper traz uma verdade crua em forma de versos requintados. Uma boa crítica em relação ao mundo. Apenas quem presta atenção e estuda seu verso conhece a verdade. As rimas repletas de referências obscuras e cults trazem ao rap e seu público uma fonte de conhecimento pouco vista antes. Com isso, Makalister força o ouvinte a extender seu conhecimento a partir de seu vocabulário.
“O reflexo vira matéria, atinge a idade�Da invisível grade a porta só abre por fora
São noites de Cabíria, sob o céu do enigma”
O rapper começa seu verso com a ideia de que nossas ações (reflexos perante à realidade) se tornam reais e têm efeito. Eles atingem uma invisível grade e a porta abre apenas por fora. Makalister nos diz que nós estamos aqui, não por escolha, mas por sorte ou azar. Nossas ações ou nós mesmos atingimos uma invisível grade, a morte ou o nascimento. Ambiguidade proposital. A porta só abre por fora: estamos presos. Noites de Cabíria remetem à eterna escravidão da vida sob o céu da dúvida entre nascimento e morte.
“Escondo no planeta algumas soluções de fácil uso
Esbarro nos lábios brutos, arranhados como fracos vinis�Cansados de só ver navios
Nas areias do templo, no sinal vermelho�O parabrisa reflete, como posso me esconder de mim mesmo?”
Ao se deparar com esse triste cenário, o eu-lírico esconde no planeta algumas escapatórias. Esbarra em lábios brutos
Mas arranhados como fracos vinis. Ou seja, pessoas são brutas por fora mas são delicadas por dentro. Vendo navios naufragados ao tentar chegar na paz eterna, Makalister se vê como a realidade e não pode se esconder de si mesmo. Sinal vermelho: momento de reflexão.
“Sol mostarda, viver atrasa, sexta-feira em casa
Na cabeça "Não Amarás" e "Decálogo"
Paredes falam muito sobre mim e sobre os vacilos que ando cometendo”
Nessa estrofe o eu-lírico se coloca novamente em posição de escravo da sociedade e condição humana já que viver atrasa o descanso em casa. Os filmes de Krzysztof Kieslowski citados debatem sobre liberdade e privacidade no mundo. Paredes vêm seus erros e falam sobre ele. O eu-lírico nunca está só e longe de críticas internas e externas. O sentimento de escravidão aparece novamente.
“A pureza decola no trânsito lento
E o pensamento no Ettore Scola�As coisas perdem suas cores agora”
Aqui Makalister fala sobre a pureza efêmera do ser humano. Sua pureza decola por causa da raiva e a sociedade prega isso. Nós brigamos para ganhar o que queremos e tudo perde sua cor.
“Não fui e não vi, dos detalhes preferi nem saber
Gastei uns minutos num bar e nem pensei em morrer�Porque viver não se pensa�Ao menos não vale o esforço
Vale o que expira�O que sobra do ser�Botar na tela o sangue da carne abulante
Ser a latência, jamais operado pelos
sonhos de alguém”
Nesta parte Makalister diz que a vida não se pensa, até porque todos somos escravos da solidão e ambiguidade existencial. O que vale não é o ser humano. O que vale é seu legado, quem morre sem legado é esquecido. Tudo se resume à a latência de existir que gera a angústia discutida no texto. Isso é expresso através do sangue jorrado na arte. E isso é a única coisa que nos faz livre e independentes.
No verso, Makalister discorre a respeito do questionamento do ‘ser’ durante a vida. Nada responde a pergunta. Ele sabe disso. Por isso faz arte e deixa seu legado.

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Papo bobo que nem tudo

O que entendo da vida?

Faz tempo que não escrevo. Isso é sim um cliché, mas uma verdade também. Isso também é cliché… A verdade é a seguinte: tudo é cliché. É disso que quero falar. Não que não tenha sido falado antes. Mas o desabafo é necessário. O que é a literatura se não um desabafo bem feito?

Uma verdade que demorei para entender é que a verdade em si é relativa. Eu não posso esperar que as pessoas pensem o mesmo que eu em tudo. Até aqui é uma Epifania clara. Mas o que digo é, isso é relativo. Para mim podia ser algo difícil e mais profundo. Claro, eu sou burro. Outra verdade que encontrei. Eu me acho burro pois posso aprender mais e mais. Não importa a conotação social de uma pessoa burra. Todos somos burros. Steve Jobs era burro e o maconheiro do último ano do ensino médio também. A diferença é do que você entende. Você sempre entende de algo. Isso que é importante. Foque no que você gosta. Porque realmente não fará diferença nenhuma. A dor não tem impacto no final. A dor de ninguém e o amor de ninguém. Tudo vira pó e o sentimento que eu sinto ao escrever algo dolorido também...

Ao saber disso, eu me encontro em um lugar de equilíbrio mental. Eu procuro a resposta pelo conhecimento e não pela resposta em si. O processo é mais importante que o resultado e a jornada mais importante que o destino, sim... nós sabemos. Então, lendo a Veja e Carta Capital, eu me encontro no meio, sereno.

O problema sendo minha tendência à não me importar, eu não quero saber de nada disso. No momento eu deveria estar bem. Fit. Saudável. Agradável. Mas não. Eu me sinto na merda. Sendo a merda o mundo. Eu entendi que é inevitável a falta de saber e a falta de controle. Sim. Isso não é original. Mas não importa o quão original seja, mas sim que não importa ao todo. Nada importa tanto assim. Tudo que passou já passou e pode ou não acontecer de novo. Não importa. Você tem de lidar com isso também. E se não lidar. Não importa. Escolha as coisas inúteis que você gosta.

Imagine um trem. Estamos todos nele. O mundo. O destino é M e partimos de N. Vários trens vão. Nenhuma volta. Trem não faz curva. Não saímos do trem. Ele não para. Não importa o que façamos, até porque sem trem não tem nada. Destruímos o trem! Foda-se! Legal. Todos vão ser expulsos do trem se isso continuar. Ok... Vamos consertar o trem. Deu merda, senhor! O trem não vai ficar pronto a tempo! Vamos tentando... Ou seja, o trem vai levar todos ao destino e nós temos apenas que aproveitar o resto da viagem. Tente dormir. Comer. Ler. Desenhar. Ir ao banheiro. Falar com alguém. Não faça inimigos. Porra. Quer que te joguem para fora do trem? Aproveite e não saia do trem. Mas não faça da viagem uma perda de tempo.

Entendem então que basta se acomodar na merda que tudo se resolve. Você se guia pela vida como um barco no mar ou como uma nave no espaço. O destino é certo então experimente e viva. Nada importa.

quinta-feira, 1 de junho de 2017

Análise do peoma 'A tela contemplada' de Carlos Drummond de Andrade


 A tela contemplada

Pintor da soledade nos vestíbulos 
de mármore e losango, onde as colunas 
se deploram silentes, sem que as pombas 
venham trazer um pouco do seu ruflo; 

traça das finas torres consumidas 
no vazio mais branco e na insolvência 
de arquiteturas não arquitetadas, 
porque a plástica é vã, se não comove, 

ó criador de mitos que sufocam, 
desperdiçando a terra, e já recuam 
para a noite, e no charco se constelam, 

por teus condutos flui um sangue vago, 
e nas tuas pupilas, sob o tédio, 
é a vida um suspiro sem paixão.



Ele que pinta a tela de pessoas nuas é o pintor de quadros. Os vestíbulos são tristes. Pessoas sem as suas coisas são tristes. Os vestíbulos são vistos como não arquitetados, mas na verdade, o eu-lírico fala das coincidências e acasos da vida. Volta para a edificação falando que a plástica é vã, falando também do pintor do início. Isso já dá o tom de que as artes são vãs quando não causam reação. O eu-lírico se mostra, aqui, que está entediado com a vida, que a vê como vazia e triste.

Criador de mitos que sufocam é o pintor. O eu-lírico volta a falar sobre as coincidências da vida, arquiteturas não arquitetadas. Das pessoas estarem em um momento íntimo com desconhecidos. Diz então que elas voltam para a noite: o momento antes de dormir, os sonhos. Nós ficamos pensando nas coisas que acontecem e na vida. E tudo isso, toda a existência vai para o charco, vira lixo. Falando com o pintor novamente, fala que ele é vazio e entediado com a vida. O eu-lírico diz que a vida é um ‘suspiro sem paixão’.  Ou seja, um suspiro sem vontade de viver, apenas entediado com a existência.

O poema fala sobre o tédio com a vida e que nem a arte nos comove. O eu-lírico se mostra triste e decepcionado com a existência mundana. Ele não sente que algo pode nos salvar, nem a arte. Mostra que mesmo as coincidências da vida viram lixo. Mostra que tudo que vemos é tedioso e triste. Nem a poesia é o bastante.


- João Vitor Latini